Presença (Presence): O Terror Visto pelos Olhos do Fantasma
CINEMA E TV
11/10/2025
No campo do suspense e terror, um nome bastante inesperado a inovar em 2025 foi o de Steven Soderbergh. Conhecido por seu estilo discreto, mas implacável, esse diretor aclamado por filmes como Traffic e Contágio entregou ao público Presença (Presence), uma obra que, apesar de sua recepção entusiasmada em festivais de cinema, não teve o mesmo impacto comercial que lançamentos de grandes franquias, como Premonição 6.
Inovação: A Câmera é a Entidade
Soderbergh nos presenteia com uma abordagem totalmente inovadora para o gênero de terror. Em Presença, a história é contada através do ponto de vista do próprio fantasma, transformando a câmera em uma entidade invisível que observa os dramas humanos. Esse recurso narrativo não apenas eleva o nível do suspense, mas também cria uma experiência imersiva. Como espectadores, somos forçados a nos tornarmos vultos silentes, observando uma família lidando com a realidade de uma casa assombrada.
Premissa: Uma Família em Crise
A trama gira em torno de uma família que se muda para uma nova residência, onde logo descobrem a presença sobrenatural que ali habita. O que diferencia Presença de outros filmes de terror é o uso de planos longos e fixos. Essa técnica limita a ação do fantasma ao que é fisicamente possível para uma entidade invisível. O resultado é uma atmosfera tensa e claustrofóbica que, embora nos mantenha à beira do assento, é igualmente desafiadora para aqueles que esperam os típicos sustos e reviravoltas narrativas.
O Desafiante Olhar do Fantasma
Diferente de muitos filmes do gênero, Presença é um exercício cinematográfico que transforma o espectador em um voyeur, explorando a desintegração de uma família através das lentes do sobrenatural. A obra nos forçou a refletir sobre os temas de luto, segredos familiares e voyeurismo digital, utilizando a presença fantasmagórica como uma ampliação das falhas humanas. A atuação do elenco, especialmente de Lucy Liu, é elogiada por sua capacidade de trabalhar com a restrição de uma câmera que observa passivamente.
Por Que o Filme Foi Ignorado?
A ousadia formal de Soderbergh ficou evidente nas reações mistas do público. A expectativa por um terror mais convencional, recheado de jumpscares e um enredo previsível, contrastou com a experiência cerebral e psicológica que Presença apresentou. De fato, essa obra não se encaixa nas fórmulas tradicionais de entretenimento que dominam a indústria cinematográfica atualmente.
Os críticos laudaram a singularidade da abordagem de Soderbergh, mas muitos espectadores podem ter sentido que a narrativa não cumpriu com o que esperavam de um filme de terror. Sem dúvida, a necessidade de atenção e comprometimento em uma obra que explora o terror psicológico pode ter prejudicado sua recepção comercial.
Onde Assistir
Para aqueles que ficaram intrigados e desejam conhecer Presença, o filme está disponível para streaming na Neon (serviço internacional) e em plataformas de aluguel digital no Brasil. Além disso, vale a pena explorar algumas entrevistas e documentos que falam sobre o processo criativo de Soderbergh, permitindo uma compreensão mais profunda das intenções por trás da lens fria e vigilantemente observadora.
A Importância do Cinema Injustiçado
Em um panorama cinematográfico cada vez mais dominado por franquias e produções voltadas para o entretenimento imediato, filmes como Presença tornam-se vitais. Eles nos lembram que a arte de contar histórias tem o poder de se reinventar e provocar reflexões profundas sobre a condição humana. Essas narrativas que priorizam a forma e o conceito são essenciais para manter viva a evolução do cinema.
Filmes como este, juntamente com produções como A Substância, I Saw the TV Glow, e Homem com H, refletem uma ousadia criativa que é raramente vista em grandes produções. Sempre que um cineasta decide desafiar as normas e criar experiências únicas, a indústria cinematográfica se enriquece e oferece ao público novas formas de reflexão e emoção.
Estamos em um momento em que o cinema que foi injustamente subestimado, mas que possui um valor artístico significativo, precisa ser celebrado. Em um ano onde as franquias dominam as conversas, o verdadeiro cinema é aquele que nos faz pensar. Oferecendo algo novo, provocativo e, acima de tudo, memorável.
Portanto, ao considerarmos o impacto de Presença, devemos esquecer momentaneamente as ideias de sucesso comercial e impacto nas bilheteiras. Em vez disso, devemos focar na importância de cada projeto que se atreve a desafiar a norma e expandir as possibilidades de como o terror pode ser percebido. Lembrando que, às vezes, o mais assustador não é o que vemos, mas o que sentimos ao fazer parte dessa experiência assombrosa e reflexiva.




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